Câmeras corporais mostram PMs confusos sobre quem perseguir, 4 tiros em inocente, cápsulas recolhidas e versão combinada

  • 17/09/2025
(Foto: Reprodução)
Câmeras corporais registram conduta de PMs em perseguição com inocente baleado O RJ1 obteve, com exclusividade, o registro das câmeras corporais dos PMs que participaram de uma perseguição na Zona Norte do Rio de Janeiro que terminou com um inocente baleado, ano passado. Bruno Bastos Patrocínio, de 47 anos, levou 4 tiros e carrega sequelas do episódio. Veja acima. As gravações (com áudio) dos equipamentos acoplados às fardas dos militares e imagens de câmeras de segurança mostram que os policiais demonstraram confusão sobre quem deveriam perseguir, combinaram versões e recolheram as cápsulas das balas disparadas. ✅Clique aqui para seguir o canal do g1 RJ no WhatsApp Imagens mostram o momento em que os PMs abordam Bruno Reprodução/TV Globo Como tudo aconteceu O caso foi em 10 de novembro de 2024, depois que um carro — que não era o de Bruno — furou uma blitz do Batalhão de Policiamento em Vias Especiais (BPVE) na Avenida Pastor Martin Luther King Jr., em Inhaúma, na saída da Linha Amarela. Eram 15h10 quando o veículo suspeito passou em disparada pela barreira. Parte dos policiais da blitz entra em uma viatura para persegui-lo, mas os PMs demonstram confusão. “É um carro preto!”, diz um. “É bonde. É bonde!”, emenda outro. Metros adiante, mais indefinição. “Eu acho que é esse carro, mané!”, fala o militar. “Ah, não é, não. Não é não. É um carro parecido”, rebate o colega. A viatura, então, passa a seguir o carro de Bruno. Na abordagem, os PMs dispararam quase 20 vezes. Bruno, que estava sozinho, tentou parar o carro puxando o freio de mão, enquanto fazia gestos com as mãos e gritava pedindo que parassem. “Eles continuaram atirando e sendo truculentos comigo. Eu não estava entendendo aquela agressão da polícia contra mim”, relembrou Bruno. Ferido, Bruno foi socorrido pelos próprios policiais e levado na viatura para o Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier, também na Zona Norte. Imagens das câmeras da PM mostram Bruno após ser baleado Reprodução/TV Globo PMs combinam versão e recolheram cápsulas Nas imagens obtidas pelo RJ1, é possível ver que porta do hospital, os agentes conversam sobre o que relatar ao batalhão e recolhem cápsulas de munição que ficaram no carro da vítima. Ao todo, 7 objetos. “Eu escutei um tiro, por isso que eu dei”, comentou um PM. “Eu escutei um tiro”, disse outro. “Eu também”, emendou mais um. “A P2 está perguntando aqui”, destaca um militar. P2 é como se chama a seção de inteligência da Polícia Militar, responsável por atividades de investigação e coleta de informações estratégicas. “Fala que o carro se evadiu”, responde um colega. “O carro se evadiu, a gente foi atrás, bateu de frente, mandou parar, ordem de parada... escutamos um estampido de disparo e disparamos e pronto. Foi o que aconteceu”, repassou. Em seguida, os agentes entraram no hospital em busca de informações sobre o motorista. Na saída, um PM ainda justifica os quase 20 disparos: “Eu ia dar mais, mas eu fiquei com medo porque eu não sabia. Ele demorou pra c*ralho. Por que ele não saiu logo, cara? Ele continuou vindo com o carro.” Sem poder trabalhar Bruno Patrocino Bastos trem 4 balas alojadas na região abdominal Marcos Coelho/TV Globo Bruno sobreviveu, mas carrega 4 balas alojadas na região abdominal. Dez meses depois, ainda não conseguiu retomar sua rotina. “Não consigo trabalhar como antes, 12, 14 horas por dia. Isso tem atrapalhado financeiramente, juntando mais contas, e não consigo resolver isso”, lamenta. Nesta terça-feira (16), Bruno passou por uma nova consulta numa Clínica da Família. O médico emitiu um laudo que constatou transtorno de estresse pós-traumático e o considerou temporariamente incapaz de voltar ao trabalho. Investigação aponta erro e possível dolo Quatro policiais militares em 2 viaturas participaram da perseguição. Três deles — o primeiro-sargento Fernando Gonçalves Pereira, o segundo-sargento Simon Santos do Nascimento e o cabo Max Moraes Braga Alves — respondem a um processo criminal. O 4º agente, o soldado Alencar Nascimento, segundo a Corregedoria da PM, apenas dirigia a viatura e não efetuou disparos. Na época, os PMs alegaram que confundiram o carro de Bruno com o de criminosos. Mas a Polícia Judiciária Militar, com base nas imagens das câmeras corporais e de segurança das ruas, concluiu que os agentes não tinham certeza das características do veículo que perseguiam. O inquérito apontou irregularidades nas condutas dos militares, que mudaram suas versões após saberem da existência das imagens, e indicou que houve crime doloso — quando há intenção de matar. Em julho, o inquérito foi enviado ao Ministério Público Militar, que ainda analisa o caso. Os policiais continuam trabalhando. Os PMs envolvidos na perseguição policial Reprodução/TV Globo Imagens mostram o momento em que os PMs abordam Bruno Reprodução/TV Globo Indenização insuficiente Bruno entrou na Justiça do RJ pedindo indenização ao estado. No fim de agosto, a juíza Aline Maria Gomes Massoni da Costa fixou o valor em R$ 40 mil por danos morais. No entanto, a magistrada rejeitou os pedidos de um novo carro, assistência médica, pagamento de lucros cessantes e ajuda financeira. “Esse valor não chega nem perto do endividamento que eu tenho desde que isso aconteceu. Não cobre o dano psicológico, físico, o tempo que fiquei parado, o abalo que teve toda minha família”, desabafa Bruno. Ele ainda luta por tratamento médico adequado. Pediu atendimento no Hospital da PM, mas o pedido foi negado. “É um misto de revolta com raiva. A gente pediu ajuda de custo e foi negada”, afirma. Em uma cadeira de rodas, Bruno Patrocino Bastos, deixa o Hospital Salgado Filho Marcos Coelho/TV Globo A defesa de Bruno informou que vai recorrer da decisão. “Não houve justiça. O SUS apenas dá remédio. Ele não teve encaminhamento para cirurgia, não fez exame para saber onde estão as balas. É uma decepção”, disse Fátima Braga, advogada do motorista. Bruno conclui: “Fui vítima da polícia que deveria me proteger. Quase morri. É um absurdo.” O que dizem as autoridades A Polícia Militar informou que os agentes envolvidos continuam exercendo suas funções normalmente, já que até o momento não há decisão judicial que determine o afastamento. A Secretaria Municipal de Saúde declarou que Bruno é acompanhado pela Clínica da Família Bibi Vogel, no Engenho da Rainha, e que, até agora, não há indicação médica para a retirada dos projéteis. A pasta acrescentou que, desde fevereiro, Bruno teve 3 consultas em saúde mental e uma em psiquiatria agendadas pelo Sisreg. A TV Globo procurou a defesa de cada um dos policiais citados na reportagem, mas não obteve retorno. Já a Procuradoria-Geral do Estado (PGE) informou que vai apresentar resposta ao recurso movido pela defesa de Bruno.

FONTE: https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2025/09/17/imagens-de-cameras-corporais-de-pms-em-perseguicao-com-motorista-de-aplicativo-baleado.ghtml


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